quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Adolescentes

Texto de Ana Luiza Curi, José Augusto Furtado e Simone Brunor para a 8ª Conferência Distrital de Santa Felicidade

Discutir o tema da adolescência pode ser bastante espinhoso, porque sequer conseguimos definir os limites deste período da vida. Convivemos com adolescentes precoces, que aceleram processos fundamentais ao desenvolvimento emocional. Por outro lado, encontramos adolescentes tardios em proporção cada vez maior, que retardam o comprometimento com todas as responsabilidades que o mundo adulto requer.
Este cenário pode ser considerado um reflexo da contemporaneidade. Observamos que atualmente aspectos que seriam próprios do adolescer, como impulsividade, pensamento mágico e onipotência são valorizados pela sociedade. No entanto, isso não representa uma valorização do adolescente, uma vez que tais comportamentos também geram incomodos e dificuldades. Compreender tais características na adolescência não significa deixar de oferecer como modelo outras atitudes que sirvam de contraponto e insiram o jovem na vida adulta. A capacidade de estabelecer compromissos, a responsabilização sobre seus atos e suas consequências, a possibilidade de lidar com frustrações e o adiamento do prazer precisam ser socialmente valorizados para fazer parte do amadurecimento natural do ser humano.
Muitos dos problemas que atribuímos aos adolescentes nos apresentam um espelho dos modelos equivocados presentes na sociedade. O impulso de renovação, transgressão e conquista, legados da juventude de todas as épocas, acabam sendo canalizados para um vazio de significado e valor.